terça-feira, 14 de setembro de 2021

Cais do Valongo - Brasil

Não faltam por este mundo locais que nos recordam períodos negros da História e que nos deviam encher a todos de vergonha. Embora alguns pensam que tais locais deviam ser destruídos e passar uma borracha na História, a verdade é que a História não pode ser apagada nem tão pouco alterada. A preservação destes locais deve servir para lembrar todos aqueles que sofreram e lembrar-nos que tais acontecimentos não se podem voltar a repetir. 
O Cais do Valongo no Rio de Janeiro é certamente um desses locais. Este foi o principal porto de entrada de africanos escravizados no Brasil e nas Américas. O local foi classificado como Património Mundial da Humanidade em 2017. 
A inclusão nessa lista representa o reconhecimento do seu valor universal excepcional, como memória da violência contra a Humanidade representada pela escravidão, e de resistência, liberdade e herança, fortalecendo as responsabilidades históricas, não só do Estado brasileiro, como de todos os países membros da UNESCO. É, ainda, o reconhecimento da inestimável contribuição dos africanos e seus descendentes à formação e desenvolvimento cultural, económico e social do Brasil e do continente americano. 

Foto: António Carlos Correa
O Brasil recebeu perto de quatro milhões de escravos, durante os mais de três séculos de duração do regime escravagista. Pelo Cais do Valongo, na região portuária da cidade, passou cerca de um milhão de africanos escravizados em cerca de 40 anos, o que o tornou o maior porto receptor de escravos do mundo.
O Cais do Valongo foi construído, em 1811, pela Intendência Geral de Polícia da Corte do Rio de Janeiro. O objectivo era retirar da Rua Direita, actual Rua Primeiro de Março, o desembarque e comércio de africanos escravizados que eram levados para as plantações de café, fumo e açúcar do interior do Estado e de outras regiões do Brasil. Os que ficavam na capital, geralmente os escravos domésticos ou aqueles usados ​​como força de trabalho nas obras públicas.
Em 1831, o Valongo foi fechado quando o tráfico transatlântico foi proibido por pressão da Inglaterra. A norma - solenemente ignorada - denominada uma denominação irónica de “lei para inglês ver”. 
Ao longo dos anos, o Cais sofreu sucessivas transformações. Na primeira intervenção, em 1843, foi remodelado com requinte para receber a Princesa das Duas Sicílias, Teresa Cristina Maria de Bourbon, noiva do (então) futuro Imperador D. Pedro II, e passou a se chamar Cais da Imperatriz.
Com a assinatura da Lei Eusébio de Queirós, em 1850, o tráfico para o Brasil foi suspenso, embora a última remessa conhecida data de 1872 e a escravidão tenha persistido até a Abolição, em 1888. Em 1911, com as reformas urbanísticas da cidade, o Cais da Imperatriz foi aterrado. No entanto, em 2011, durante as obras do Porto Maravilha e as escavações realizadas no local, foram encontrados encontrados de objectos (partes de calçados, botões feitos com ossos, colares, amuletos, anéis e pulseiras em piaçava de extrema delicadeza, jogos de búzios) e peças usadas em rituais religiosos. Entre os achados raros, há uma caixinha de jóias, esculpida em antimónio, com desenhos de uma caravela e de figuras geométricas na tampa. - in: http://portal.iphan.gov.br

Este postal foi enviado pela Sílvia.

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